Muito além de Cabernet Sauvignon: as uvas raras vem aí

Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Malbec, quase todo mundo já experimentou vinhos produzidos com essas uvas. Em função dos caminhos e da lógica do mercado, elas estão em toda parte, tem passaporte internacional, são cultivadas em inúmeros países e ocupam a imensa maioria das prateleiras dos supermercados e lojas de vinhos, certo? Pois esse cenário vem mudando, e mais rapidamente do que a gente imagina. Então, prepare-se para surpresas….
Exemplos de valorização de uvas desconhecidas, raras ou até mesmo consideradas extintas não faltam. Já falamos aqui no blog da RBG das gregas, Assyrtiko, Agiorgitiko, Xynomavro.
Assyrtiko, que nas encostas vulcânicas de Santorini, produz brancos que muitos dizem que são melhores do que os Chablis é a primeira e também a mais conhecida fora da Grécia. Agiorgitiko, antiquíssima conhecida dos gregos, provavelmente nativa das ilhas do Mar Egeu, mas que hoje caracteriza os vinhos da apelação Nemeia, a região que fica na parte nordeste do Peloponeso, aromáticos, encorpados, inspiradores (sobretudo se os frutos vierem dos vinhedos de altitude da região, a mais de 900m do nível do mar). Xynomavro é uva favorita entre as tintas. Produz tradicionalmente os bons vinhos da apelação Naoussa (100% Xynomavro), ao norte da Grécia. Alguns comparam com os Barolos, potentes e encorpados. Bons para envelhecer.
Falamos também da Gouais Blanc, a Casanova das Uvas
Conhecida como Gwäss, e, apesar de ser considerada a mãe de 80 variedades de outras Vitis Viniferas da Europa, incluindo, pasmem, a Chardonnay, a Riesling e a Gamay, estaria extinta, se não fosse pela visão do produtor suíço do Haut Valais,
Josef-Marie Chanton que, junto com o geneticista renomado, autor do livro Wine Grapes, Dr Jose Vouillamoz, fundou uma associação para proteger essas uvas raras. Com técnicas modernas de produção, a Gouais, resistente e muito produtiva, quem sabe volta a fazer parte da lista de vinhos intrigantes, surpreendentes e que a gente não pode deixar de experimentar, nem que seja uma vez na vida.
Mas exemplos não faltam, e quase todas as regiões produtoras de vinho podem contar histórias de uvas desconhecidas ou, simplesmente, esquecidas, que andam sendo "redescobertas". É o caso das variedades quase selvagens do Sudoeste da França, como a Petit Manseng, do Jurançon e a Fer Servadou, cultivada nos vales da Dordogne, a Duras, já perto de Toulouse, e do norte da Itália, como a Erbamat, da Lombardia.
E mesmo o Novo Mundo, possui suas uvas “esquecidas”. A chilena Pais, por exemplo, ou Mission, como é conhecida nos EUA, foi a primeira variedade de Vitis Vinifera a desembarcar aqui na América, vinda da Espanha. Existem vinhedos de Pais com mais de 100 anos no Vale do Maule e no Vale do Bio Bio. E nesse caso também a história se repete: considerada uma uva “menor”, e cultivada sobretudo para a produção de vinhos a granel, a Pais, no Chile, vem ganhando espaço nas prateleiras, em rótulos modernos, naturais, vinhos “de bar”, encantadores e fáceis de beber.
Apesar de estarem ganhando reconhecimento, essas uvas em sua grande maioria, são variedades regionais, usadas em receitas de blends antigos, e que, agora, com novas técnicas de produção e vinificação, ganham um outro potencial e, eventualmente conseguem criar expressões novas em tradicionalíssimos terroirs. Só por isso, já despertam a curiosidade e o espírito aventureiro dos produtores e, é claro, dos apaixonados por vinho! Existe muita coisa para experimentar além de Cabernet Sauvignon…
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